Telvrichaos estreia álbum inspirado no caos

Semen Ignis et Oculus Capræ: Hatred can turn into aggrandizement (Semente de fogo e olho de cabra: o ódio pode se tornar engrandecimento) é o novo lançamento do grupo Telvrichaos, que propõe um mergulho interno em busca da compreensão do caos para evolução humana. A obra já está disponível e pode ser apreciada completa em todas as plataformas de streaming.
Apresentando uma estética densa e provocadora, a banda se debruça sobre o caos para construir uma narrativa subjetiva, através de arquétipos e as simbologias que retratam o ódio. O álbum, conta com sete faixas autorais, incluindo os singles Obliteration, Deep e Star, e traz na sonoridade uma dinâmica cíclica.
O álbum se apresenta de forma sutil, trazendo o latim e o inglês como línguas predominantes nas letras que ecoam da voz potente e suave, de Marina Dolinsky. As faixas ganham um tom melancólico, que vem harmonizada por guitarras progressivas e ecos intermináveis, influenciadas pelos timbres das décadas de 60/70 e passeia por vertentes do indie rock.

Para acompanhar toda a narrativa, o grupo criou um material audiovisual, com fragmentos de imagens de domínio público, que contou com uma pré-estreia, no último dia 20 de março.
Telvrichaos é formada por Marina Dolinsky, Rafael Taufer, Béla Simon e Eduardo Ribeiro, que se juntaram com a proposta de expressar suas experiências e inquietudes existenciais, tendo como ponto de intersecção o ocultismo e o paganismo.
Faixa a Faixa por Telvrichaos
1-End
É um mantra que conduz o ouvinte à sua escuridão particular, ao ponto de nascimento do seu ódio. As vozes ecoam, ora distantes e ora mais densas, enquanto duas notas em repetição, juntas a uma vibração contínua, dão corpo para que outros elementos surjam e criem a atmosfera que permeia todo o disco.
2-Spiral
O mesmo vocal distante faz a ponte entre a primeira e a segunda música, com uma guitarra ainda mântrica, mas que se intensifica no próprio caos, conduzindo da sua sutileza inicial à explosão com orquestra e instrumentos mais agressivos, vemos facetas diferentes de um mesmo sentimento ainda destrutivo. Aqui se apresenta um dos conceitos centrais do álbum: as above, so below, com a ideia de que o ódio é uma espiral que percorre ciclos que se realimentam de forma cada vez mais caótica.
3-Deep
Deep chega como a resolução dessa primeira etapa do disco. A aceitação do ódio e o questionamento existencial: “Qual o sentido de tudo?” Com um tempo mais arrastado, espaços vazios e com sua crescente, os arranjos conduzem a atmosfera da música para um lugar diferente do que se pode entender como ódio. Eis o surgimento das possibilidades de construção a partir desse sentimento inicial.
4-Star
Em um olhar mais espiritual, já tendo sido questionado o sentido inicial, Star projeta o foco no próprio eu, diante da esfera criadora. A música, em três auras distintas, se divide em uma pausa grandiosa e cheia de ecos que conduzem ao momento mais sutil do disco e culmina em uma catarse melódica de um solo intenso, que marca um estilo completamente novo no projeto.
5-Perspective
É o respiro de fato do álbum. Apesar de ser a música mais suave, sua letra reforça incômodos e perturbações que só podem ser percebidos em momentos de silêncio e contemplação. Suas guitarras se complementam e entrelaçam, criando uma atmosfera de um espaço amplo que segue reverberando. As vozes e elementos reversos no fim também reforçam a ideia de tudo ser revisto nesse momento de respiro e contemplação.
6-Obliteration
É a grande conclusão do álbum. O corte de tudo e todos que são catalisadores do caos e do ódio. Seu primeiro momento, mais denso e retilíneo é acompanhado de violões de 12 cordas e vozes compostas que vão se intensificando até a sua grande catarse, com um sintetizador marcante como elemento principal, outro ineditismo do projeto, conduzindo para um final análogo a Spiral. Se na faixa dois entendemos a origem, aqui entendemos o fim.
7-Nihil
Nihil, que significa “nada” em latim, é um epílogo. Assim como na Montanha Encantada de Jodorowsky, aqui a mensagem é de que todo esse ódio na verdade não é nada além de uma projeção. Tudo é nada. E por mais intensa que seja essa espiral caótica, nós mesmos somos os grandes responsáveis. E essa despedida acontece com uma introdução extremamente melancólica, evoluindo para uma melodia arrasada e o vocal mais intenso e emocional do disco.
Ficha Técnica
Concepção: Béla Simon e Eduardo Ribeiro
Letras: Béla Simon
Produção Musical: Béla Simon, Eduardo Ribeiro e Rafael Taufer
Projeto Visual: Eduardo Ribeiro
Vozes: Marina Dolinsky
Guitarras, baixo e bateria: Eduardo Ribeiro
Sintetizadores: Béla Simon, Eduardo Ribeiro e Rafael Taufer
Composição: Béla Simon, Eduardo Ribeiro e Marina Dolinsky
Gravado em janeiro de 2018 em Ana Rech/RS
Mixagem: Paulo Senoni
Masterização: Arthur Joly