Ritmo e Poesia com o poeta Jonas Gabriel

Ritmo e Poesia com o poeta Jonas Gabriel

De volta com mais um bate-papo cheio de inspiração. E para estrear a editoria Ritmo e Poesia, eu convidei este jovem baiano que vem conquistando uma audiência que tem fome de poesia.

Ele nasceu em Salvador, mas foi criado e vive até hoje em Camaçari, Bahia. De lá, vem recitando seus poemas através do seu perfil “opoesiar” no Instagram, se conectando cada vez mais com aqueles que amam harmonia, o ritmo e a beleza da poesia. Estou falando do Jonas Gabriel.

Influências (de pessoas, artistas que você admira e exercem influências em seu trabalho).

Minhas primeiras e maiores referências sempre serão minha mãe Adriana Trindade e meu pai Rildo Trindade. Artisticamente falando, o Sandro Sussuarana, Emicida, Mateus Aleluia, Gilberto Gil, Mel Duarte, Ryane Leão, Marcelino Freire, Mestre Bule Bule, Chico Science Manuel de Barros, Machado de Assis, Russo PassaPusso, Noémia de Souza, Lívia Natália, Rool Cerqueira e mais uma galera.

Feitos De Música > Qual foi seu primeiro contato com a poesia? Você lembra qual foi à primeira poesia que você leu, ou a que tocou seu coração?

Jonas Gabriel > Eu fui alfabetizado em casa pela minha mãe, e desde criança meus pais sempre me deram muitos livros. Não me lembro exatamente qual foi a primeira poesia que li, mas meu primeiro contato com a poesia foi em casa, com certeza! Já sobre o primeiro poema que me recordo, foi o “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade. Ainda na escola, nas aulas de português, por volta do sexto ano. Este é um poema que até hoje está bem fixado em mim.

Feitos De Música > Jonas Gabriel, podemos dizer que a poesia é uma música falada?

Jonas Gabriel > Com certeza! Poesia é o abstrato, o que nos toca de modo indescritível e é um elemento presente em tudo, e a música é uma das artes que em minha opinião mais reúne elementos da poesia.

Feitos De Música > “Você é imensidão” no #MinutoDePoesia com o poeta Jonas Gabriel

andar na contramão
é sobre admitir que tem defeitos
e mandar pra longe, tudo que for perfeito
a soma dos fatores não altera o resultado
qual o erro existe em amar
e se deixar ser amado?

qual é a restrição dada a luz?
não deixe que te impeçam de brilhar
todo sorriso prisma, em bons corações
acha lugar pra ficar

deixa pra lá
fica quem tem que ficar
pelo tempo, que tem que ficar
tempestade em copo d’água
não muda a maré

você é imensidão
se abra, não se conforme em apenas
molhar o pé
pra andar pra frente, às vezes
a gente tem que dar ré

quem não sobe o elevador
deixa de ver o pelô
por uma perspectiva única
que só quem subiu pode dizer o que viu

se permirta a reconstrução
você é imensidão

Feitos De Música > Conta pra gente como surgiu o projeto #partilhar e como está sendo poder conversar com pessoas, artistas incríveis deste nosso Brasil e de quebra, os ouvir recitando poemas junto com você?

Jonas Gabriel > A quarentena tem sido um período muito difícil pra mim, e eu constantemente estava a me sentir sozinho e essa situação estava me incomodando muito. Então numa noite em que estive muito mal, resolvi de última hora convidar alguns amigos pra fazerem uma live comigo, seriam apenas alguns minutos de conversa com cada um deles, sem roteiro, sem planejamento… E quando me dei conta, já tinham quatro horas de ao vivo!!! E eu estava arrepiado com as vibrações e energias que estavam sendo emitidas e com a forma maravilhosa que as pessoas estavam interagindo conosco. Aí eu pensei:

“por que não, organizar um projeto de partilhas, onde quem está em casa aprenda, converse e multiplique comigo e com algum convidade que eu trouxer?”

E foi! Organizei tudinho e o projeto a cada dia vem crescendo mais. ‘Partilhar’ não é só mais um nome bonitinho pra nomear um projeto e gerar gatilhos, pelo contrário, as partilhas tem sido reais e vívidas, se agora estamos num momento de dificuldade onde não podemos abraçar e estar com os nossos, por que deixar de partilhar, de multiplicar o que é bom, como fazíamos antes da pandemia?

Feitos De Música > É preciso gostar das palavras, do sentido de cada uma delas para ser um poeta? Sentir a energia delas antes de formar as frases que darão vida a um poema?  Ou este sentimento já vem automaticamente do seu coração, através da sua inspiração?

Jonas Gabriel > É preciso dançar com as palavras! Gosto muito das surpresas e de como cada processo criativo é único.

A energia está em tudo, o mundo é movido por ela, e a inspiração é um axioma.

Já acordei no meio da noite pra escrever, já parei no meio do banho. A poesia não diz que horas ela vem, mas quando chega a gente precisa dar total atenção.

Feitos De Música > Se você fosse uma poesia – qualquer uma, de autor livre – qual seria?

Jonas Gabriel > Irmão, eu seria com certeza “o vento”. Eu sou muito apegado a natureza, a subjetividade. Acho que nenhum poema escrito por homem algum me faria querer ficar preso, a ponto de eu colocar como trilha sonora da minha vida. Pra mim, o vento é a poesia mais poesia que existe. O vento para mim é guia, é o vento que constrói tudo. O vento é ar, sem ar a gente não vive.

Feitos De Música > Indique até três poetasda nova eração que você curte e que seria interessante a gente conhecer também?

Jonas Gabriel > Tem muita gente taletosa, mas vou citar aqui estas três: Mel Duarte, Ryane Leão e Lara Nunes.

Chegamos ao final de mais um bate-papo incrível. Espero que você tenha curtido conhecer o Jonas Gabriel e sua arte, tanto quanto eu. Para você ficar por dentro de tudo que este baiano arretado está aprontando, basta seguir o perfil dele – opoesiar – no Instagram e também seu canal no Youtube.

Abração e até a próxima,

Cristiano De Jesus

Cristiano de Jesus

Eu, comunicador e sonhador, filho da Dona Rosa e do Sr. João que, enquanto admiro às belezas da vida, ouço boas histórias e muitas músicas para criar a minha própria trilha sonora.

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